Varicocele e infertilidade masculina é um tema que gera apreensão em muitos homens jovens.
Entre as diversas causas investigadas pela urologia, a varicocele ocupa posição de destaque.
Trata-se da alteração mais frequentemente associada à infertilidade em homens em idade reprodutiva.
Ainda assim, sua presença não significa ausência definitiva de fertilidade.
Estudos clínicos mostram que a maioria dos portadores mantém a capacidade natural de gerar filhos.
Neste artigo, revisitamos o que a ciência médica já comprovou sobre a relação entre varicocele e infertilidade masculina.
Varicocele e infertilidade masculina: definição
A varicocele é caracterizada pela dilatação das veias do plexo pampiniforme, localizadas junto aos testículos.
Esse quadro provoca aumento da temperatura escrotal, refluxo venoso e estresse oxidativo.
Como consequência, há prejuízo na espermatogênese, com impacto na concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides.
Estima-se que a varicocele esteja presente em 40% dos homens com infertilidade primária e em até 80% dos casos de infertilidade secundária.
A chance de ser pai mesmo com varicocele
Apesar de sua relevância, a varicocele não implica infertilidade em todos os pacientes.
Segundo dados da clínica Urobrasil, aproximadamente 80% dos homens diagnosticados conseguem ter filhos naturalmente, enquanto 20% apresentam dificuldades reprodutivas.
Entre aqueles submetidos à correção cirúrgica, mais de 60% apresentam melhora nos parâmetros seminais, com consequente aumento da chance de gravidez espontânea.
Esses números reforçam que a condição, embora relevante, deve ser interpretada com cautela e individualizada de acordo com o perfil clínico do paciente.
Impacto sobre função sexual e hormônios
É comum a associação equivocada entre varicocele e disfunção erétil.
No entanto, é importante reforçar que a varicocele não compromete a ereção nem a potência sexual.
O que pode ocorrer, em parte dos casos, é a redução da produção de testosterona, com impacto potencial na libido em quadros de atrofia ou redução do volume testicular que pode acontecer em alguns casos.
Ainda assim, trata-se de efeito variável e que não deve ser confundido com impotência sexual.
Reversão da infertilidade e possibilidades terapêuticas
O tratamento da varicocele baseia-se, na maioria das vezes, na varicocelectomia microcirúrgica.
A técnica corrige o refluxo venoso, restabelece a circulação adequada e normaliza a temperatura testicular.
Na prática clínica, observa-se melhora significativa da qualidade seminal em mais da metade dos pacientes operados.
Nos casos em que a cirurgia não resulta em sucesso, ou quando os danos são mais severos, técnicas de reprodução assistida — como inseminação intrauterina e fertilização in vitro — são alternativas viáveis.
Diagnóstico precoce e acompanhamento médico
A varicocele costuma ser diagnosticada na adolescência, muitas vezes de forma assintomática.
O acompanhamento urológico periódico é fundamental para identificar casos que evoluem com infertilidade, atrofia testicular ou desconforto.
Exames complementares, como o espermograma, continuam sendo essenciais para avaliar a função reprodutiva nos casos de infertilidade ou falta de sucesso em gestações por um período de 6-12 meses.
O consenso médico atual indica cirurgia apenas para pacientes inférteis ou com evidência de atrofia testicular.
Homens assintomáticos e férteis podem ser apenas monitorados, sem necessidade imediata de intervenção.
Considerações finais
A varicocele permanece como a principal causa de infertilidade masculina, mas o diagnóstico não equivale a uma sentença definitiva de esterilidade.
Com acompanhamento médico adequado, é possível preservar ou recuperar a fertilidade em grande parte dos casos.
O tema reforça a importância das consultas regulares ao urologista e do diagnóstico precoce, especialmente para homens jovens que desejam planejar a paternidade.
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