Imagine acordar de repente com uma dor lancinante em um dos testículos.
Não é só algo que incomoda: pode ser uma emergência médica que ameaça a fertilidade.
Essa é a realidade da torção testicular, um quadro que atinge principalmente adolescentes e jovens adultos. E que, sem tratamento rápido, pode levar à perda irreversível do testículo.
O que é a torção testicular?
A torção acontece quando o testículo gira sobre o cordão espermático, o “cabo” que leva sangue e nutrientes para ele. Esse giro bloqueia a circulação sanguínea.
O resultado é cruel: sem oxigênio, as células testiculares morrem em poucas horas. Essa torção é considerada uma das maiores emergências da urologia.
Como identificar?
A dor costuma surgir de forma súbita e intensa em apenas um lado.
Ela não melhora com repouso, gelo ou analgésicos comuns.
Outros sinais típicos:
- Inchaço e vermelhidão da bolsa escrotal.
- Testículo mais alto ou em posição “horizontal”.
- Náuseas, vômitos e, às vezes, febre.
No exame físico, o médico pode notar ausência do reflexo cremastérico e sinal de Prehn negativo. Embora exames como o ultrassom com Doppler ajudem, o diagnóstico é essencialmente clínico.
O relógio não perdoa
Quando falamos de torção testicular, o tempo é literalmente um inimigo.
- Até 6 horas: chance alta de salvar o testículo.
- Entre 6 e 12 horas: risco crescente de necrose.
- Após 24 horas: a perda é praticamente inevitável.
Esse prazo curto explica por que qualquer dor súbita no escroto deve ser avaliada imediatamente em um pronto-socorro.
Qual é o tratamento?
Não existe milagre caseiro.
A solução definitiva é cirúrgica.
O urologista abre a bolsa escrotal, desfaz a torção e fixa o testículo em posição correta, procedimento chamado orquidopexia.
Por precaução, o outro testículo também costuma ser fixado para evitar uma torção futura.
Se o órgão recuperar cor e circulação, ele é preservado.
Se houver necrose, a saída é a retirada completa: a chamada orquiectomia.
Em alguns pronto-socorros, o médico pode tentar uma manobra manual (“do livro aberto”) para ganhar tempo, mas ela não substitui a cirurgia.
E a fertilidade?
A perda de um testículo é um golpe psicológico forte, mas nem sempre significa infertilidade.
Na maioria dos casos, o testículo remanescente consegue compensar a produção de espermatozoides e hormônios.
Ainda assim, especialistas recomendam um espermograma após a recuperação.
Há relatos de formação de anticorpos contra os próprios espermatozoides após o trauma, o que pode reduzir a fertilidade. Casos graves, com dano bilateral, podem levar à azoospermia (ausência de espermatozoides).
Uma lição para levar
A torção testicular é o típico exemplo de situação em que a informação salva.
Dor súbita e forte no testículo não deve ser ignorada nem tratada como “gripe dos homens”.
Procurar atendimento rápido pode significar a diferença entre preservar o órgão e conviver com a perda.
Na dúvida, não espere. Em urologia, a regra é clara: cada minuto conta.
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