Por Dr. Rudinei Brunetto
O câncer de bexiga é uma das neoplasias urológicas mais comuns e merece atenção especial, sobretudo em homens acima dos 50 anos.
Ele ocupa a 10ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes no mundo, sendo responsável por impacto considerável na qualidade de vida e na expectativa de sobrevida.
Apesar de sua prevalência, ainda é pouco discutido fora dos consultórios médicos.
Neste texto, compartilho de forma clara e direta os principais pontos sobre sintomas, diagnóstico e tratamento do câncer de bexiga.
Câncer de bexiga: o que é e quem está em risco
O câncer de bexiga surge, em sua maioria, nas células que revestem a parte interna do órgão, chamadas de urotélio.
É mais frequente em homens, especialmente após os 55 anos.
Entre os principais fatores de risco, destacam-se:
- Tabagismo, responsável por cerca de metade dos casos.
- Exposição prolongada a corantes, pesticidas e produtos químicos industriais.
- Contato com arsênico em água contaminada.
- Histórico familiar da doença.
- Infecções urinárias de repetição.
- Uso prévio de determinados medicamentos quimioterápicos.
A presença de um ou mais desses fatores não determina a doença, mas aumenta significativamente o risco.
Sintomas de câncer de bexiga em diferentes estágios
O sintoma mais característico é a presença de sangue na urina, conhecida como hematúria.
Esse sinal pode se manifestar de maneira visível, deixando a urina rosada, avermelhada ou escura, ou ser detectado apenas em exames laboratoriais.
Outros sintomas iniciais incluem:
- Aumento da frequência urinária.
- Sensação de urgência para urinar.
- Dor ou queimação ao urinar.
- Fluxo urinário fraco ou interrompido.
Alguns pacientes relatam dor na parte inferior do abdome ou nas costas.
Nos estágios avançados, podem surgir incapacidade de urinar, dor intensa, inchaço nas pernas, fadiga, anemia e até dor óssea — sinais de disseminação para outros órgãos.
É importante lembrar que sintomas semelhantes também ocorrem em infecções urinárias ou cálculos renais.
Por isso, o diagnóstico preciso só pode ser feito após avaliação médica adequada.
Como é feito o diagnóstico médico
A investigação geralmente começa com exame de urina, que pode revelar sangue microscópico ou células anormais.
Exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, auxiliam na identificação de alterações estruturais.
Entretanto, o exame considerado padrão-ouro é a cistoscopia, em que um tubo com câmera é introduzido pela uretra para visualizar diretamente o interior da bexiga.
Se houver suspeita de tumor, uma biópsia é realizada durante o procedimento, confirmando ou descartando a presença de câncer.
Se houver evidência de lesões tumorais através de exames de ultrassom, tomografia ou ressonância, deve-se realizar o exame de Cistoscopia com possibilidade de realizar ao mesmo tempo algum dos tratamentos cirúrgicos como por exemplo, a Ressecção Trans-uretral de Bexiga.
Tratamentos disponíveis atualmente
O tratamento do câncer de bexiga depende do estágio da doença.
- Cirurgia: nos estágios iniciais e superficiais o tratamento recomendado é a retirada dos tumores através da uretra. Esse procedimento tradicionalmente é realizado através de um procedimento chamado Ressecção Trans-uretral de Bexiga. Atualmente pode ser realizado cirurgias modificadas chamadas de Enucleação Endoscópica de tumor vesical até mesmo com a utilização de laser com o objetivo da retirada completa do tumor com a camada muscular da bexiga a fim de melhor entender e profundidade e infiltração do tumor
Em casos mais avançados com comprometimento da camada muscular pelo tumor, pode ser necessária a retirada parcial da bexiga ou até a remoção completa da bexiga, considerado a recomendação formal de tratamento quando o tumores vesicais mais avançados ou atípicos.
- Imunoterapia intravesical com BCG: indicada para tumores superficiais para reduzir o risco de recidiva após cirurgia.
- Radioterapia: reservada para situações de tratamento paliativo ou em associação com a quimioterapia em terapias de preservação vesical em tumores ainda locais, mas com infiltração a camadas mais profundas da bexiga como a camada muscular ou serosa.
- Quimioterapia: pode ser administrada de forma sistêmica ou diretamente na bexiga, geralmente em associação com outros métodos. Quanto utilizada diretamente na bexiga, é recomendado para a redução do risco de recorrência de tumores. Outras situações em que ela é utilizada:
- Doença metastática: quando há lesões a distância de um tumor originado na bexiga
- Neo-adjuvância: antecipadamente a cirurgia de retirada completa de bexiga
- Associada a Radioterapia e RTU para terapia de preservação de bexiga em tumores mais invasivos localmente
- Imunoterapia Sistêmica: tratamento endovenoso utilizado em situações de doença metastática ou também em concomitância a quimioterapia no tratamento neo-adjuvante
A escolha do tratamento é sempre individualizada, considerando idade, comorbidades, extensão da doença e preferência do paciente.
Importância da prevenção e do diagnóstico precoce
Quanto mais cedo o câncer de bexiga é diagnosticado, maiores são as chances de cura.
Por isso, homens acima dos 50 anos — especialmente fumantes ou com histórico de exposição a químicos — devem redobrar a atenção para sintomas urinários persistentes.
Medidas preventivas incluem suspender o tabagismo, evitar contato prolongado com substâncias tóxicas e manter boa hidratação.
O acompanhamento regular com o urologista é a forma mais segura de garantir que alterações sejam identificadas a tempo.
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Considerações finais
O câncer de bexiga é uma doença séria, mas que pode ser controlada e até curada quando diagnosticada precocemente.
Se você apresenta sintomas como sangue na urina ou alterações urinárias frequentes, não adie a consulta médica.
A informação é o primeiro passo para preservar a saúde e aumentar as chances de sucesso no tratamento.
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